sexta-feira, 13 de abril de 2012

Institucionalização: o casamento

VIDAS ACORRENTADAS

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência.
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo.
Para que havermos de ir juntos?                              
                                                                (Fernando Pessoa)


Pedrinho, o menino-diabo das vizinhanças onde morou - e não eram poucas - carregava sempre de uma para outra as mesmas bramuras, ou as reinventava, ou criava novas, e, consequentemente a mesma fama: um apelido aqui, uma resposta de improviso que parecia elaborado por um experiente conhecedor do mundo, e, para não fugir à regra, algumas muito bem ensaiadas; de modo que era o causador do importúnio geral, e era impossível odiá-lo ou domá-lo. Uma eterna criança. Mas, enquanto todos à sua volta perdiam as esperanças de vê-lo sossegar o facho, Pedrinho crescia intimamente, pensava em outros afazeres...

Um belo dia, cansado já de comprar armas nos supermercados para brincar de guerrear com os coleguinhas da rua, resolveu-se por aventuras de verdade, crescer, sair de casa, conhecer o mundo que todos diziam que ele reviraria de pernas pro ar; tinha, então, dezoito anos e poria o pé na estrada.

Assim o fez. Comprou mochila, maldisse gravatas e horários, rotinas e convenções; despediu-se de todos, declarou seu não-destino e botou-se porta a fora. Mal desceu a calçada, esbarrou em Paloma - outra que estava alçando  voo solo - caminhou com ela mais alguns passos até ao altar, e enfiou-se em casa novamente.

Após três anos de felicidade matrimonial, voltou-lhe, outra vez, o desejo de seguir através dos horizontes... mas agora, não estava mais sozinho, nem tão certo. Tinha uma esposa, uma filha; um emprego, que dava para suportar, e só! e acabou por acalmar seu coração.

Passados mais vinte anos, agora de uma monotonia enclausurante (embora o trabalho já fosse suportável: as pessoas se acostumam ao cotidiano ao qual se acorrentam) como se despertasse dos sonhos de menino para quando fosse adulto, das venturas e aventuras que os outros lhe desenhavam no porvir, decidiu não esperar mais. O horizonte, infinito e misterioso, o esperava para ser sulcado e desvendado. 

Passou noites em claro, absorto em pensamentos desvairados, infantis até; loucos, pois apenas os loucos se libertam de forma total, por vezes negligenciam as responsabilidades inerentes à liberdade, e não a perdem. Ah como é bom e justo ser doido!... Mas voltemos ao nosso Guevara de meia-idade. Como o adolescente que deixou de ser precocemente, resolveu ganhar o mundo: bem simples assim! Convocou uma reunião de família, no sábado (não teria tempo em outro dia. Talvez no domingo... mas não foi.) foi no sábado à noite, lá pelas nove; nove da noite, para que não façamos confusão. 

Bem, as três jovens filhas, ainda solteiras, diga-se, acharam lindo. É, digamos que a caçula não entendeu tudo mas, enfim... tinham herdado aquele espírito convulso  e vivaz dos dos meninos que foram os seus genitores. entretanto, a mulher, com um ajuizamento moldado através da história de imposições convencionadas contra as quais este gênero não cessa de lutar, parte mais diretamente interessada e representante das tresloucadas e alucinadas
raparigas, cortou-lhe as asas de imediato:

- Senhor Pedro de Alcântara, aonde quer que o senhor vá, em qualquer momento ou circunstância, iremos todos juntos. Mas hoje não! Hoje é a reprise do último capítulo da novela; portanto, sente-se aí, e por favor, faça silêncio!


A nossa indignação é uma mosca sem asas
não ultrapassa a janela de nossas casas.
                      
                                 (samuel rosa e chico amaral)



 homem-aranha, Jorge Vercilo.
http://www.youtube.com/watch?v=RSTIP4KL5Uc&ob=av2n





José


quinta-feira, 15 de março de 2012

A ideologia dos mitos



Quem não conhece a velha estória de Ícarus, contada e recontada há milênios sempre da mesma forma! 
Quem a conta, e com que intencionalidade?
Quem a ouve, e como a sintetiza?
Eu não sei, mas vamos a ela:


"Dédalo, rei de Minos, construiu um labirinto onde aprisionou seu filho metade homem, metade touro, o Minotauro, e para onde enviava seus prisioneiros e desafetos para serem devorados e, de onde Teseu, orientado pelo fio de Ariadne, sai após matar a terrível fera e aprisiona seu criador, e seu filho Ícarus que, por sua vez, constrói asas de cera, foge voando com seu pai, que o incentiva a voar mais alto até que o sol derreta suas asas e ele despenca para a morte no mar."
Lindo, não!?
O homem rejeita seu filho anômalo, executa quem o contesta, e coage o outro filho a voar catastroficamente para a morte; voo este que nem é voo! parece começar, se desenrolar e terminar com a queda, deixando claro que, se você desafiar os poderosos, a ordem vigente e tentar algo além da infâmia para a qual está  "destinado" seu fim será o precipício, sem antítese. Em resumo, esta estória é uma doutrina de mortificação.
Mas eu estava lá e contarei o que testemunhei com estes olhos que a terra não comerá antes do fim, se é que fim há!
Ícarus viu os homens sonhando voar sem engendrarem o menor  esforço para a concretização dos seus ensejos e disse consigo:
"Como podem sonhar o que lhes é impossível realizar? Isto é o princípio de morte!"
Vi-o em seguida, trabalhando arduamente em um par de asas, mas, também é provável que tenham asas brotado de seus sonhos; isto não sei ao certo. certo estou de vê-lo voar, planar, dar rasantes e arremeter, para lá e cá, alto e baixo, e o impossível virou cotidiano.
Cair? não vi. Talvez o sol, enciumado, tenha derretido suas asas, talvez tenha caído no mar e morrido no fim, só no fim, se fim houvesse... disto nada digo. Digo apenas que voou e é o que me importa. Viveu o voo, o sonho, a utopia, a vida em sua plenitude: a morte teme  seres como estes.




Aqui, Stevie Harris compõe Flight of Icarus, parecendo repetir a ideologia direitista da fábula, que soa paradoxal ao seu espírito combativo frente ao sistema capitalista, tão bem posto em suas inúmeras composições de grande alcance de público jovem, em sua maioria.

Abaixo, poema de minha autoria sugerindo outra entre infinita gama de versões que toda estória admite.

Os loucos adeptos de Ícarus
(Pássaros da imortalidade)


Um céu de poesia
Um sol de raios flamejantes
Cair na terra, cair no mar
O que importa é voar!
Vai Ícaro, vai
Às bençãos da gloria!
A segurança dos que Têm
Os pés no chão
É um sonho vão
De mediocridade.
Vou como Ícaro
Voar é a única eternidade.
Ícaro prefere o precipício
A se prender ao nada.
Eles podem sonhar
Formar novas realidades;
Ícaros podem voar!




José Filho

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Matando sonhadores

Comentário sobre: Occupy wall Street

Entre tantas lutas populares, algumas procuram o bem comum (igualdade, justiça e etc.) outras não, seria uma utopia sonhar com um sistema justo?
   Estas marcas da proibição da “tinta vermelha” podem ser observadas quando pensadores ou sonhadores acabam em muitos casos sendo marginalizados em sua própria comunidade; destes muitos pensadores ou revolucionários temos:
Freire (1996): “As vezes temo que algum leitor ou leitora, mesmo que ainda não totalmente convertida ao “pragmatismo” neoliberal mas por ele já tocado, diga que, sonhador, continuo a falar de uma educação de anjos e não de mulheres e de homens.” (p. 17)
Marx: E a economia moderna que se tem em alta conta e não se cansa de zombar, insipidamente, do fetichismo dos mercantilistas, será ela menos vítima das aparências? O seu primeiro dogma não consiste em considerar que estas coisas (instrumentos de trabalho por exemplo) são, por natureza, capital, e que, pretender despojá-las deste carácter puramente social,é cometer um crime contra a natureza? (domínio publico, O Capital parte 1)
Slavoj Ziziek: Nossa mensagem básica é: o tabu já foi rompido, não vivemos no melhor mundo possível, temos a permissão e a obrigação de pensar em alternativas.(Blog da boitempo)
Chico Mendes: Em 22 de dezembro de 1988, exatamente uma semana após completar 44 anos, Chico Mendes foi assassinado com tiros de escopeta no peito na porta dos fundos de sua casa, quando saía de casa para tomar banho. Chico anunciou que seria morto em função de sua intensa luta pela preservação da Amazônia, e buscou proteção, mas as autoridades e a imprensa não deram atenção. (Wikipédia)
    Seria sonho ou direito para nós?A diminuição nos impostos que no Brasil chega as “alturas”, reforma agrária, moradia “humanitária”, descentralização dos poderes onde a sociedade não tem participação ativa, cuidado com a natureza e sua biodiversidade.
  Em ultimo momento querem limitar o direito de pensar, protestar com o que não concordamos e até de sonhar com uma nova sociedade que exista democracia.
Imagem disponível no blog boitempo

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Inclusão digital

Entrei apressado e com muita fome no restaurante.
Escolhi uma mesa bem afastada do movimento, pois queria aproveitar os poucos minutos de que dispunha naquele dia atribulado para comer e consertar alguns bugs de programação de um sistema que estava desenvolvendo, além de planejar minha viagem de férias, que há tempos não sei o que são.
Pedi um filé de salmão com alcaparras na manteiga,uma salada e um suco de laranja, pois afinal de contas fome é fome, mas regime é regime, né? Abri meu notebook e levei um susto com aquela voz baixinha atrás de mim:
-Tio, dá um trocado?
- Não tenho, menino.
- Só uma moedinha para comprar um pão.
- Está bem, compro um para você.
Para variar, minha caixa de entrada estava lotada de e-mails. Fico distraído vendo poesias, as formatações lindas, dando risadas com as piadas malucas. Ah! Essa música me leva a Londres e a boas lembranças de tempos idos.
- Tio, pede para colocar margarina e queijo também?
Percebo que o menino tinha ficado ali.
- OK, mas depois me deixe trabalhar, pois estou muito ocupado, tá?
Chega a minha refeição e junto com ela o meu constrangimento. Faço o pedido do menino, e o garçom me pergunta se quero que mande o garoto ir. Meus resquícios de consciência me impedem de dizer. Digo que está tudo bem.
- Deixe-o ficar. Traga o pão e mais uma refeição decente para ele.
Então o menino se sentou à minha frente e perguntou:
- Tio, o que está fazendo?
- Estou lendo uns e-mails.
- O que são e-mails?
- São mensagens eletrônicas mandadas por pessoas via Internet.
Sabia que ele não iria entender nada, mas a título de livrar-me de maiores questionários disse:
- É como se fosse uma carta, só que via Internet.
- Tio, você tem Internet?
- Tenho sim, é essencial no mundo de hoje..
- O que é Internet, tio?
- É um local no computador onde podemos ver e ouvir muitas coisas, notícias, músicas, conhecer pessoas, ler, escrever, sonhar, trabalhar, aprender. Tem tudo no mundo virtual.
- E o que é virtual, tio?
Resolvo dar uma explicação simplificada, novamente na certeza que ele pouco vai entender e vai me liberar para comer minha refeição, sem culpas.
- Virtual é um local que imaginamos, algo que não podemos pegar, tocar. É lá que criamos um monte de coisas que gostaríamos de fazer. Criamos nossas fantasias, transformamos o mundo em quase como queríamos que fosse.
- Legal isso. Gostei!
- Mocinho, você entendeu o que é virtual?
- Sim, tio, eu também vivo neste mundo virtual.
- Você tem computador?
- Não, mas meu mundo também é desse jeito.... Virtual. Minha mãe fica todo dia fora, só chega muito tarde, quase não a vejo. Eu fico cuidando do meu irmão pequeno que vive chorando de fome, e eu dou água para ele pensar que é sopa. Minha irmã mais velha sai todo dia, diz que vai vender o corpo, mas eu não entendo, pois ela sempre volta com o corpo. Meu pai está na cadeia há muito tempo. Mas sempre imagino nossa família toda junta em casa, muita comida muitos brinquedos de Natal, e eu indo ao colégio para virar médico um dia. Isto não é virtual, tio?
Fechei meu notebook, não antes que as lágrimas caíssem sobre o teclado.
Esperei que o menino terminasse de literalmente 'devorar' o prato dele, paguei a conta e dei o troco para o garoto, que me retribuiu com um dos mais belos e sinceros sorrisos que eu já recebi na vida, e com um 'Brigado tio, você é legal!'. Ali, naquele instante, tive a maior prova do virtualismo insensato em que vivemos todos os dias, enquanto a realidade cruel rodeia de verdade, e fazemos de conta que não percebemos!
Imagem disponível em: 
http://www.hardware.com.br/static/00000000/
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Elis Regina - Como nossos pais

                                http://www.youtube.com/watch?v=2qqN4cEpPCw


Essa musica tão linda cantada na voz de Elis Regina foi escrita por Belchior no tempo da ditadura, num tempo em que os jovens não tinham liberdade de expressão. E, fala de pessoas que estavam acomodadas com essa repressão.
Fala de esperança, por viver dias melhores e não se deixar abater pelo que passou.
Mas principalmente passa a mensagem de não se viver, ou se repetir os erros passados, “como nossos pais”.
A juventude atualmente precisa buscar na historia do nosso país momentos de lutas e conquistas que só foram possíveis porque os jovens da época arregaçaram as mangas e gritaram sua opinião, como visto no caso Collor, para que as futuras gerações tenham também do que se orgulhar quando voltarem ao passado para entender os dias de hoje.

Erika Marques

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Dia nacional da consciência negra

Em 20 de novembro, comemora-se o Dia Nacional da Consciência negra, em homenagem á morte de Zumbi dos palmares, essa data lembra a resistência do negro á escravidão de forma geral. O quilombo onde os escravos se refugiavam ficava na Serra da Barriga.
Os escravos faziam os trabalhos pesados que o homem branco não realizava, não tinham condições dignas de vida, eram maltratados, apanhavam, ficavam amarrados dia e noite em troncos, eram castigados, ficavam sem agua e sem comida, suas casas eram as senzalas, onde dormiam no chão de terra batida. Em 13 de maio de 1888 a Princesa Isabel assinou a Lei Aurea libertando os escravos.
Hoje as estatísticas sobre os brasileiros ainda espalham desigualdade entre a população de brancos e a de pretos e pardos. Por isso é tão importante conhecer um pouco sobre a história dos escravos.
A criação desta data pode ter sido também uma forma do governo para lembrar ao povo da escravidão no pais fazendo desta uma forma de inclusão no calendário nacional, respeitando a lembrança deste período tão sofrido pelos negros do nosso pais.



Referência bibliográfica:

Debora Batista


terça-feira, 22 de novembro de 2011

História em quadrinho

Com o tema: "Memórias da minha alfabetização", elaborei a seguinte HQ:


Atualmente compreendo a participação que a escola teve durante o processo da minha alfabetização, porém com meus 6 anos idade, pensava que aprendia tudo com minha mãe e não com a parceria "escola e família" que é fundamental para o desenvolvimento de uma criança.

Janaína Souza