Gravada originalmente em Canto de Esperança (1983), disco de estreia do cantor e compositor picoense (PI), Odorico Carvalho, Homem Boi Berro tem como letra o poema homônimo do poeta Francisco Miguel De Moura e trata das relações sócio-políticas no âmbito do trabalho e jogo de poder, que ocorrem em todas as sociedades humanas e em todos os tempos, a partir da realidade do semiárido piauiense.
HOMEM-BOI
Boi manso, boi de carga, boi de arado, o que guia os outros ao matadouro.
Mansão: Que sina, arre! Fustigado, urra! E resiste, irra!
Pobre diabo.
O BERRO
A indústria da seca, a fome, a manipulação, as reses do rebanho.
“Do boi nada se perde. Só o berro”, dizem.
Aqui o berro é somado e provado: ecô,ecô, mansão!
Se emperra, empurra, espora, chicoteia.
Pobre diabo.
O HOMEM DE FERRO
O homem-homem, com o suposto poder de opressor e também oprimido:
Outro status de rebanho.
Pobre diabo.
DEUSES DE BARRO
A indústria de fé, do destino, da sina:
“É assim e não pode mudar, pois deus assim o quer.”
Um deus ou muitos deuses criados pelos donos do mundo do diabo.
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EVOLUÇÕES
A NATUREZA
Foi a criação perfeita
na celebração de suas leis imutáveis,
por mecanismos inefandos,
até chegarem estes monstros,
revolvendo a terra à procura de supérfluos,
derrubando florestas
em busca da árvore que dava dinheiro
e lançando os alicerces
da sua própria ruína.
O HOMEM
Lobo astuto que tem fome de tudo
para satisfazer seus instintos absurdos.
A ESCRAVIDÃO
Numa sociedade de consumo.
A FOME
A globalização do meu quintal.
HÁ MUROS QUE NÃO CAEM
Foi o que nos dividiu
E nos fez pensar assim:
Em raças, castas, crenças.
poema disponível em : http://poetaepalhaco.blogspot.com/2010/07/evolucoes.html
Paulo Sérgio e José Filho
Gostei do trabalho de vocês, se puderem estendê-lo mais seria bom. Caso prossigam, me passem pelo e-mail:
ResponderExcluirfranciscomigueldemoura@gmail.com