segunda-feira, 21 de novembro de 2011

OS PRIMITIVOS DO FUTURO




Gravada originalmente em Canto de Esperança (1983), disco de estreia do cantor e compositor picoense (PI), Odorico Carvalho, Homem Boi Berro tem como letra o poema homônimo do poeta Francisco Miguel De Moura e trata das relações sócio-políticas no âmbito do trabalho e jogo de poder, que ocorrem em todas as sociedades humanas e em todos os tempos, a partir da realidade do semiárido piauiense.


HOMEM-BOI

Boi manso, boi de carga, boi de arado, o que guia os outros ao matadouro.
Mansão: Que sina, arre! Fustigado, urra! E resiste, irra!

Pobre diabo.

O BERRO

A indústria da seca, a fome, a manipulação, as reses do rebanho.
“Do boi nada se perde. Só o berro”, dizem.
Aqui o berro é somado e provado: ecô,ecô, mansão!
Se emperra, empurra, espora, chicoteia.

Pobre diabo.

O HOMEM DE FERRO

O homem-homem, com o suposto poder de opressor e também oprimido:
Outro status de rebanho.

Pobre diabo.

DEUSES DE BARRO

A indústria de fé, do destino, da sina:
“É assim e não pode mudar, pois deus assim o quer.”
Um deus ou muitos deuses criados pelos donos do mundo do diabo.

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EVOLUÇÕES


A NATUREZA

Foi a criação perfeita
na celebração de suas leis imutáveis,
por mecanismos inefandos,
até chegarem estes monstros,
revolvendo a terra à procura de supérfluos,
derrubando florestas
em busca da árvore que dava dinheiro
e lançando os alicerces
da sua própria ruína.

O HOMEM

Lobo astuto que tem fome de tudo
para satisfazer seus instintos absurdos.

A ESCRAVIDÃO

Numa sociedade de consumo.

A FOME

A globalização do meu quintal.

HÁ MUROS QUE NÃO CAEM

Foi o que nos dividiu
E nos fez pensar assim:
Em raças, castas, crenças.



Paulo Sérgio e José Filho

Um comentário:

  1. Gostei do trabalho de vocês, se puderem estendê-lo mais seria bom. Caso prossigam, me passem pelo e-mail:
    franciscomigueldemoura@gmail.com

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